terça-feira, 28 de junho de 2011

O RESGATE DE UMA DÍVIDA

Piso Salarial do Magistério: O resgate de uma dívida.

Finalmente, a sociedade brasileira começa a assumir o resgate de uma dívida com o Magistério da Educação Básica: foi instituído o Piso Salarial Profissional Nacional.
Digo que começa, porque não é apenas o salário que faz a dignidade do Profissional em Educação, seja ele o professor ou o funcionário administrativo. Pois é igualmente necessário estarem presentes a formação, as condições de trabalho, uma carreira promissora, a efetiva participação na construção do conhecimento e acima de tudo, o reconhecimento da sociedade.
Para se instituir o Piso, foi preciso reivindicá-lo por décadas, por meio de mobilizações, congressos, passeatas, paralisações. Foi preciso ter propostas seguidamente derrotadas no Congresso Nacional, e que se aperfeiçoaram continuamente, tendo a categoria à frente, chamando a atenção da sociedade.
Foi necessário eleger-se um Governo Federal que entendesse e aceitasse a reivindicação, transformando-a numa proposta legítima para tramitar no Congresso. E, para que tramitasse com sucesso, foi imprescindível criar as condições políticas e financeiras: sem ajustes do texto constitucional e sem a prévia aprovação do FUNDEB, um novo modelo de financiamento, com mais de 5 bilhões do Governo Federal para os Municípios e Estados que não conseguem garantir um padrão mínimo de investimento na manutenção e desenvolvimento do ensino, a proposta não se viabilizaria financeiramente, nem teria o selo da legalidade.
Acima de tudo, na reta final, foi necessário o Congresso Nacional discutir e melhorar tanto a proposta do FUNDEB quanto a do Piso, para aprová-las por unanimidade, marca de sua força política.
O resgate dessa dívida histórica se dá não apenas porque o Piso vai melhorar o salário de milhões de profissionais, mas pela conquista de um conceito novo, que articula remuneração com qualidade do trabalho. Trata-se de um Piso de R$ 950,00 para o professor com formação de nível médio em regime de 40 horas semanais trabalho, com pelo menos um terço dele dedicado ao  trabalho,  no preparo e avaliação de suas atividades com os estudantes. Isso significa que é preciso fazer modificações ou atualizações nos Planos de Carreira dos Profissionais do Magistério nos Estados e Municípios ou criá-los onde não existe. Até 31 de dezembro de 2009, como está dito na própria Lei do Piso.
Estabelecidos o conceito e o valor do Piso, ele só se concretiza com a definição das carreiras.
Como é quase impossível termos uma carreira nacional dos Profissionais do Magistério da Educação Básica, dadas as especificidades regionais, é necessária a definição de Diretrizes Nacionais. Até podemos dizer que existem Diretrizes Nacionais, pois temos a Resolução Nº 03, de 1997, do CNE. Mas sem dúvida, ela precisa ser atualizada. Como o assunto extrapola a questão da normatividade, entendo que precisamos avançar mais e termos uma Lei que estabeleça essas diretrizes, para dar mais amplitude e peso político à conquista do Piso e de seu conceito.
Portanto, o resgate da dívida com os profissionais do magistério avança com a definição de um sistema de financiamento com regime de cooperação e colaboração dos entes federados, atravésdo FUNDEB, onde, no mínimo 60% dos recursos se destinam obrigatoriamente para a remuneraçãodo Magistério; com definição do Piso Nacional Profissional Nacional; com a definição dasDiretrizes Nacionais de Carreira e a conseqüente reorganização dos Planos de Carreira.Avança, finalmente, com a perspectiva de termos instituído um sistema nacional de formaçãoinicial e continuado, onde não apenas os Estados e Municípios tenham responsabilidades, mas também a União, pelo engajamento de seus órgãos legislativos, normativos e científicos e pelo compromisso das universidades e outras unidades de educação federal, responsabilizadas por dar
respostas concretas às demandas dos respectivos territórios.

Francisco das Chagas Fernandes.
Professor da Rede Pública do RN e
Secretário Executivo Adjunto do MEC.

Um comentário:

  1. Publicado em 16/05/2011 por Tijoladas
    A incrível indústria do sumiço do dinheiro do FUNDEB
    Enquanto professores realizam manifestações e até propõem greve para que lhes seja pago o PISO NACIONAL DA EDUCAÇÃO, dentro da Secretária de Educação do estado de Santa Catarina, empresa se farta de recursos públicos para prestação de serviços de informática.
    Em janeiro de 2011 o Cangablog denunciou a empresa KNOWARE pelo recebimento de R$ 495.000,00 em contrato de desenvolvimento de software. Tudo com dispensa de licitação.
    Agora em 13 de maio (sexta-feira), a mesma empresa recebe R$ 990.792,00 para manutenção do contrato anterior de R$ 495.396,00. Também com dispensa de licitação.
    Esta mais do que na cara que existe direcionamento para que a empresa KNOWARE receba essa fortuna vinda de recursos do FUNDEB.
    Esses contratos não tem a mínima transparência e servem para pagamento de mão de obra. Se não é ilegal é no mínimo imoral. Rogo uma investigação urgente do Ministério Publico, Polícia Federal e Tribunal de Contas.
    A mesma empresa KNOWARE teve impugnada sua participação no Pregão do Diário oficial Eletrônico do dia 03.05.2011.
    A empresa KNOWARE possui um capital registrado de apenas R$ 30.000,00 em dinheiro. E conseguiu da Sec. de Educação , um certificado de especialização técnica com menos de 12 dias prestando serviços a SEE, para participar do pregão do D.O. eletrônico. Fantástico.
    Segundo minha fonte, recursos obtidos pela Knoware abastecem conta de deputado federal. Tudo isso nas barbas do governador Raimundo Colombo.
    Ainda tem a OPPITZ, a BRAOX e DIGITALFÍSICA Ltda para serem investigadas e mais as empresas que estão nos projeots dos atuais Diretores e Gerentes querendo entrar nesse trem da alegria do FUNDEB e dos 25%¨destinados à Educação por lei.
    TEM DINHEIRO SÓ QUE ESTÁ TUDO COMPROMETIDO COM AS PROMESSAS ELEITORAIS DESDE DE LHS/PAVAN/BAUER.

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