segunda-feira, 8 de agosto de 2011

“choque de gestão” na educação

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

O “choque de gestão” na educação e a mídia política.

O governo Sérgio Cabral anunciou no dia 2 de janeiro pelo jornal o Globo uma proposta de superar de uma vez por todas o déficit no investimento na educação estadual. A proposta política é anunciada com fanfarras. Diz o governador:
"O Rio será um dos cinco melhores da educação e as coisas começarão a mudar logo no começo do ano".
O slogan da campanha é dúbio e gira em torno de dois termos: “Choque de Gestão” e “Pente Fino”.
 O “choque de gestão” elaborado por Wilson Risolia, secretário de educação, consiste em mudar o processo de escolhas dos diretores de escola. Ao invés de indicações “políticas” feita pelo sindicato dos professores, é prometido a realização de provas enquanto exame de seleção. Pois bem, uma proposta que promete elevar o Estado do Rio de Janeiro a um dos cinco melhores da educação não toca em nenhuma proposta de valorização salarial dos professores e funcionários, não menciona plano de carreira. O governo Sérgio Cabral tem preferido esconder o seu evidente fracasso na gestão da educação, e, além disso, aprofundar o fracasso, camuflando-o com o slogan midiatico de um “choque de gestão” que não menciona a valorização da carreira de profissionais que recebem um salário indigno, e também o evidente fracasso de seu primeiro governo em lidar com a educação.
Ainda não mencionei o segundo slogan. O primeiro se encarrega de “eximir” o próprio governo da responsabilidade para com uma educação que é consenso na sociedade fluminense, quanto a seu caráter precário e a necessidade de uma mudança efetiva. Se o primeiro slogan exime o governo de toda culpa em um verdadeiro ato de “auto-perdão”, o segundo põem justamente no professor a culpa pelo péssimo estado de coisas em que a educação estadual se encontra. O mencionado pente fino é uma manobra da mídia política para fazer aquilo que ela faz melhor, desviar as atenções:
“O "choque de gestão" anunciado por Cabral implica também em uma operação pente-fino sobre os cerca de oito mil professores da rede estadual afastados das salas de aula por problemas de saúde física ou mental”.
Novamente, uma iniciativa política medíocre é anunciada pela mídia com grande estardalhaço: “Será um teste de fogo para a nova política de Cabral”. O pente-fino nos professores afastados por motivos de saúde, coloca justamente sobre os professores, a culpa na má qualidade da educação estadual, enquanto o governo se encarrega de redimir o problema com o seu choque milagroso, que o exime de qualquer responsabilidade e não anuncia nenhuma proposta significativa em termos de ampliação de investimentos. “A Secretaria vai contratar uma empresa privada para analisar as licenças médicas concedidas", disse Wilson Risolia. Esta aí a receita para o Rio de Janeiro se tornar o melhor estado brasileiro na qualidade da educação! Ao invés de propor ampliação de investimentos e aumento salarial, o governo Cabral promete bonificações irrisórias aos professores, após deslegitimar com sua linguagem política midiatica, as reinvidicações legítimas daqueles que se interessam por uma educação que dignifique o nosso povo, permita a ampliação das oportunidades e a conscientização de nossa juventude quanto aos seus direitos.
Um governo que demonstra este descaso para com a educação e o encobre sob a máscara de slogans midiáticos grandiloquentes revela uma dupla falta de perspectiva e de projeto quanto ao estado do Rio de Janeiro. Primeiro: O desenvolvimento de conhecimento e ciência e tecnologia é nos tempos contemporâneos um verdadeiro imperativo do desenvolvimento econômico, aonde a qualificação da força de trabalho se apresenta enquanto um desafio paradigmático para uma proposta real de melhoria da qualidade de vida da população do estado. Segundo: A garantia de uma vida grata e pacífica para a população de nosso povo não pode acontecer sem uma tomada de consciência do povo trabalhador quanto aos dilemas coletivos que impedem a realização da extensão de uma vida digna a todos. Pois bem, a educação não é apenas uma premissa do desenvolvimento econômico, é também a garantia da liberdade e da dignidade de um povo. Um governo que não apresenta propostas significativas quanto a temas tão cruciais para o porvir de nosso estado deve ser duramente criticado. Para aqueles a quem falta a coragem, o convite está lançado.   

Postado por Pedro MMjr.

Por Lucas Machado

Fonte: http://sinalpreto.blogspot.com/2011/02/o-choque-de-gestao-na-educacao-e-midia.html